Recentemente as manchetes do noticiário de finanças e investimentos do Brasil deram lugar a um tema em comum: “Pirâmides Financeiras”.
As operações conhecidas como “Pirâmides” são negócios desenvolvidos no mercado financeiro utilizando como plano de fundo a oferta de investimentos com a garantia de retornos bastante expressivos, geralmente diferente de tudo aquilo que se conhece no mercado. A metodologia de oferta e as evidências iniciais de ganho, juntamente com um trabalho de convencimento e persuasão, travestido por meio de eventos de luxo, palestras motivacionais e afins, formam a combinação perfeita para atrair investidores sem experiência, que com o sonho de mudar de vida e obter ganhos rápidos, acabam investindo todas as suas economias acreditando que finalmente encontraram a solução para sua vida.
O que favorece ainda mais essa metodologia de negócio é o fato do investidor atraído pelo esquema, ao perceber que recebeu parte de seus rendimentos, toma por si a iniciativa de convidar outras pessoas para conhecerem, geralmente pessoas próximas, como familiares e amigos. Isso faz com que de fato a engrenagem da pirâmide entre em funcionamento, criando um fluxo de caixa que sustenta o pagamento das altas rentabilidades dos investidores que entraram inicialmente no negócio.
Para termos uma noção das proporções que esses negócios podem tomar, um dos esquemas mais conhecidos no país movimentou cerca de R$ 30 bilhões e atingiu aproximadamente 1 milhão de clientes.
Apenas para efeito de comparação, atualmente em nossa bolsa de valores (B3) temos 1,5 milhão de investidores aproximadamente, ou seja, uma única pirâmide possuiu praticamente a mesma quantidade de clientes do que a própria bolsa de valores, que hoje possui aproximadamente 400 empresas listadas.
O grande ponto de tudo isso é que “Pirâmide Financeira” é crime, e não possui sustentabilidade no longo prazo, ou seja, muitas pessoas inevitavelmente sairão lesadas.
Dívida da Unick Forex com clientes é de R$ 12 bilhões, diz Polícia Federal
https://portaldobitcoin.com/divida-da-unick-forex-com-clientes-e-de-r-12-bilhoes-diz-policia-federal
E mesmo sabendo dos riscos disso tudo, qual o motivo que leva os investidores a continuarem apostando em esquemas assim?
Um dos grandes motores disso tudo é justamente o fato de existir grande desigualdade social em nosso país, e essas empresas, baseadas num formato insustentável de operação, apresentam uma possibilidade das pessoas “mudarem de vida”.
A união da “fome com a vontade de comer”, é a combinação perfeita para gerar a criação de esquemas assim, que nascem a cada dia, assim que um termina, outro toma seu lugar, apresentando as mesmas ofertas mirabolantes, talvez com uma ou outra diferença na abordagem, mas na verdade, se tratam da mesma coisa.
A melhor solução para isso tudo é o investimento em Educação Financeira, algo que nós brasileiros ainda somos muito atrasados, dado esse que se confirma quando vemos que mais de 60% das famílias em nosso país estão com seus CPF’s negativados.
O percentual de famílias com dívidas aumentou em dezembro de 2019, alcançando 65,6%. Esse é o maior patamar da série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde janeiro de 2010. O resultado é maior do que os 65,1% observados em novembro e superior aos 59,8% aferidos em dezembro de 2018.
Muitos investidores me procuram com a seguinte questão: “o que está melhor pra investir ai agora?”
É sempre uma pergunta que me deixa sem resposta, pois basear seu planejamento financeiro e seu dinheiro em dicas, independente de quem seja, pode lhe colocar numa situação bastante embaraçosa, pois o ideal é o investidor entender o ecossistema como um todo e, deste modo tomar a decisão que melhor se encaixa com seu planejamento de vida.
Se formos parar para pensar, é muito simples: quanto maior a RENTABILIDADE, maior o RISCO, quanto maior o RISCO menor a LIQUIDEZ, simples assim, sem grandes mistérios.
O desafio é entendermos o que se encaixa melhor em cada momento de nossa vida e pensarmos de forma racional, tomando as decisões de acordo com fundamentos e não nos baseando em nossa ansiedade, empolgação demasiada ou até mesmo ganância.
Dinheiro não aceita desaforo, pois a depender do modo que você o tratar, ele pode ser um excelente servo, porém também pode ser um péssimo patrão.
Reflita.