O jeito mais comum e tradicional de se investir na bolsa de valores é comprar uma ação e esperar que ela se valorize com o tempo para que no futuro você a possa vender com lucro, ou segura-la com o objetivo de receber seus proventos (dividendos e JCP).
Porém, existe outra maneira e que também pode render tantos lucros como o investimento convencional de comprar uma ação, que é operar vendido/short, ou entrar short, ou ainda “shortear” uma ação.
A grande maioria dos investidores novatos não fazem ideia, mas também é possível ganhar (e muito) dinheiro com a queda no preço de uma ação. Esse tema, inclusive, já foi até tema de filme. Lembra do “The Big Short”?
Ao operar vendido/short, você se beneficia da queda no preço de uma ação. Quanto mais ela cair, maior será o seu lucro. Interessante, não é mesmo?
Como operar vendido/short
Operar vendido/short é muito simples. Hoje, a grande maioria dos sistemas das corretoras é totalmente automatizado e apenas exigem que você possua uma certa margem para cobrir a sua operação (capital).
É muito simples de fazer: basta vender uma ação que você não possui (daí o nome operar vendido). Agora você pode estar se perguntando: “mas como assim vender uma ação que eu não possuo?” Vou explicar.
Quando você compra uma ação, sua corretora irá exigir o montante equivalente em dinheiro para que a operação seja executada. Ao operar vendido/short, você irá vender uma ação que não é sua (que você não possui em carteira) e o dinheiro proveniente desta venda irá cair diretamente na sua conta. Mas calma, não gaste este dinheiro!!
Para que você possa operar vendido/short, a sua corretora irá alugar as ações que você deseja vender de outro investidor que esteja disposto a empresta-las mediante o pagamento de uma taxa, que é chamada de aluguel. Quanto mais tempo você fica com as ações em sua posse, maior será o aluguel. O preço dos alugueis irá variar de ação para ação, dependendo das condições de mercado.
Alugadas as ações, elas serão automaticamente vendidas (estes dois processos ocorrem em paralelo e de forma automática) e o valor da venda cairá na sua conta na corretora.
Como estas ações não lhe pertencem, em determinado momento será necessário efetuar sua devolução, que ocorrerá mediante a recompra da mesma quantidade de ações vendidas, independentemente do preço atual. Após a recompra, também haverá a cobrança da taxa de aluguel. Entendeu porque não era para gastar o dinheiro da venda/short?
Como ganhar dinheiro operando vendido/short
Para ganhar dinheiro operando vendido/short, as ações vendidas/shorteadas deverão obrigatoriamente cair, para que quando for o momento de compra-las e as devolver ao proprietário, você possa o fazer por um preço menor do que no momento em que as vendeu.
Por exemplo: você vendeu/shorteou 1.000 ações de Bradesco a R$ 30 cada em 01/07/2021, sendo que a taxa cobrada pelo aluguel era de 12% ao ano. No dia 01/08/2021, você decide encerrar sua operação e comprar as 1.000 ações de Bradesco shorteadas, mas que agora estavam sendo negociadas a R$ 25 cada.
Perceba que no momento do short, entraram R$ 30.000 (já que você vendeu 1.000 ações a R$ 30), no entanto, no momento de encerrar a operação, você só precisou gastar R$ 25.000, já que a cotação na ação de Bradesco agora era de R$ 25. Portanto, o seu lucro foi de R$ 5.000 – o aluguel (12% ao ano). Como o aluguel durou apenas 1 mês, a taxa cobrada será de 1% sobre os R$ 30.000, ou seja, R$ 300.
Sendo assim, o lucro líquido desta operação foi de R$ 4.700.
Risco de operar vendido/short
O principal risco de operara vendido/short vem do fato de que se a operação for para o lado contrário do pretendido, ou seja, se a ação subir, não há limite para o quanto você pode perder dinheiro.
Lembre-se: ao encerrar a operação, você precisará comprar as ações, não importa o preço em que elas estejam. Portanto, perceba que o risco de operar vendido/short é muito maior do que o de operar comprado/long, já que não há limite para o quanto uma ação pode subir, enquanto há um limite para o quanto uma ação pode cair (ela pode ir a 0, no máximo).
No nosso exemplo acima, caso a ação de Bradesco tivesse subido para R$ 35 em vez de caído para R$ 25, seria necessário desembolsar R$ 35.000 para comprar as ações, mais R$ 300 para pagar a taxa de aluguel, ou seja, o resultado líquido da operação seria de R$ -5.300.
Muitos investidores (inclusive grandes investidores) já quebraram ou perderam muito dinheiro operando vendido/short. Exemplo recente foi o caso da GameStop, onde o fundo Melvin Capital perdeu mais de US$ 3,75 bilhões após um short squeeze proporcionado por usuários do Reddit.
Portanto, apesar de ser um excelente instrumento, jamais opere vendido caso não saiba exatamente o que está fazendo. As perdas podem ser ilimitadas.
Operando vendido/short como hedge ou proteção
Uma maneira muito interessante de operar vendido/short é para proteger a sua carteira e diminuir a sua volatilidade.
Por exemplo, digamos que a sua carteira seja 100% comprada em ações do Ibovespa. Neste caso, na hipótese de ocorrer algum evento adverso (como no ano passado com a crise do COVID19), a sua carteira pode sofrer uma grande desvalorização.
Porém, digamos que você também está operando vendido/short em BOVA11 (ETF que replica o Ibovespa), como forma de proteção ou hedge para a sua carteira. Neste caso, na hipótese de ocorrer algum evento adverso, apesar das suas posições compradas se desvalorizarem, a sua operação vendida/short em BOVA11 será lucrativa, diminuindo assim a volatilidade e principalmente as perdas da sua carteira.
Conclusão
Operar vendido/short pode ser um excelente instrumento se utilizado corretamente. Apesar de não ser uma estratégia recomendada para investidores iniciantes, muito dinheiro pode ser feito se aplicada corretamente.
O Money Talks este ano fez uma operação vendida/short muito lucrativa em Enjoei (ENJU3), quando a ação caiu de cerca de R$ 18 para R$ 10. Todos os membros do grupo foram capazes de capturar esta operação. Muitos membros inclusive pagaram o equivalente a mais de 10 anos de mensalidade apenas com esta operação.
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