Na data de hoje, 13/02/2020, a cotação do dólar chegou a tocar R$ 4,38, maior cotação de todos os tempos.
Mas o que está motivando essa disparada do Dólar? Seria prudente esperar para fazer aquela viagem para a Disney? Será que existe uma perspectiva do Dólar corrigir seu preço?
De acordo com as últimas entrevistas dadas pelo atual Ministro da Economia, essa é a nova realidade de dólar que o brasileiro deve se habituar.
A verdade é que vivemos momentos diferentes dos conhecidos até meados de 2018, onde nossa economia e bolsa de valores caminhavam em direções opostas do dólar, enquanto um subia, o outro descia, e vice-versa.
No mercado financeiro sempre foi muito comum ouvir as pessoas falarem:
“se a bolsa está subindo, venda dólar, se a bolsa está caindo, compre dólar”.
Mas fato é que desde a greve dos caminhoneiros em Maio/2018 estamos presenciando um fenômeno um pouco diferente. O que nos leva a pensar: O que será que está acontecendo?
Veja na análise abaixo:
Greve dos Caminhoneiros – ANTES:
- IBOVESPA: ~ 75mil pontos
- DÓLAR: R$ 3,30
Greve dos Caminhoneiros – DEPOIS:
- IBOVESPA: ~ 80mil pontos
- DÓLAR: R$ 3,80
Eleições Presidenciais – ANTES:
- IBOVESPA: ~ 85mil pontos
- DÓLAR: R$ 3,85
Eleições Presidenciais – DEPOIS:
- IBOVESPA: ~ 100mil pontos
- DÓLAR: R$ 4,00
Reforma da Previdência – ANTES:
- IBOVESPA: ~ 100mil pontos
- DÓLAR: R$ 4,00
Reforma da Previdência – DEPOIS:
- IBOVESPA: ~ 115mil pontos
- DÓLAR: R$ 4,30
Fica evidente que o fenômeno que ocorreu ao longo desses 03 últimos episódios desde 2018, é algo diferente do entendimento comum até então, onde independente se a bolsa estava subindo ou não, o dólar manteve-se em alta, o que muitos poderiam dizer que não ocorreria.
Considerando essa como uma nova realidade econômica para nosso país, quais seriam os efeitos positivos e negativos disso? Certamente, um dos principais efeitos negativos é para o segmento de turismo e empresas que trabalham com importação de bens e serviços.
As ações da CVC (CVCB3) por exemplo, vem apresentando uma queda de aproximadamente 46,0% no último ano, uma das piores performances da bolsa:
Porém como tudo na vida tem o seu lado ruim e seu lado bom, no mercado financeiro e economia não é diferente.
Os efeitos positivos que o dólar nesse patamar pode gerar para o Brasil são inúmeros, visto que a diminuição do processo de importação das empresas pode estimular a atividade local, gerando mais empregos, colocando mais dinheiro em circulação e aquecendo a economia, efeito que pode influenciar no aumento do PIB do país e consequentemente em seu avanço econômico.
O setor de turismo também poderá ser influenciado positivamente através do aumento da demanda para o turismo local, que ao invés do mercado procurar pelos destinos no exterior, se voltaria para os destinos locais, novamente estimulando a economia.
Portanto é tudo uma questão de enxergar essa nova realidade com um viés positivo e adaptar-se com tais mudanças. Obviamente que as mudanças causam resistências e desvantagens, porém se encaradas de uma outra forma, podem surgir diversas oportunidades com isso.
Um outro fator de análise que podemos tirar dessa nova realidade cambial, é a política monetária adotada em nosso país, onde no mesmo momento em que presenciamos o dólar em sua maior cotação da história, presenciamos também os juros do país em sua menor cotação da história (SELIC: 4,25% a.a), o que de modo geral também trás inúmeros benefícios para a sociedade.
Juros e Dólar tendem a caminhar em direções opostas também, visto que um juros real mais atrativo para o investidor, como era o de 2016 por exemplo (14,25% a.a) atrai os olhares dos investidores estrangeiros, que migram seus recursos para cá de forma especulativa, através de aplicações em títulos públicos por exemplo, auferindo ganhos superiores a 1,0% a.m com riscos baixíssimos. Logo, esse processo faz com que a moeda local se favoreça, contribuindo para que o dólar permaneça em cotações mais controladas.
Portanto, quando esse cenário é alterado, com juros nos patamares que vivenciamos hoje, o investidor estrangeiro não possui o mesmo estímulo para investir em nosso país e há uma saída desse capital de nossa economia, fazendo com que a moeda local se desvalorize o contribua para o avanço do dólar.
Por fim, são vários fatores do cenário macroeconômico que influenciam o dia a dia de um investidor, trader, ou qualquer profissional do mercado financeiro, portanto tamanha é a importância de desenvolvermos nosso conhecimento de forma mais ampla, evitando atribuir verdades absolutas ao comportamento de determinado ativo e não se apegando a um análise que pode estar enviesada.
O mercado é um organismo vivo, que reflete as decisões e os sentimentos das pessoas, portanto ele sempre sofrerá mutações ao longo do tempo, e aquele que permanece vivo no jogo não é o mais forte ou mais rico, mas sim aquele que se adapta melhor.